Associação faz manifestação contra caso de transfobia sofrido por travesti em restaurante de Fortaleza

Associação faz manifestação contra caso de transfobia sofrido por travesti em restaurante de Fortaleza

De acordo com a vítima, um segurança tentou impedir que ela utilizasse o banheiro feminino do estabelecimento. Grupo se reuniu na noite deste sábado (7) para realizar um ato contra a transfobia em frente ao restaurante

Arquivo pessoal

A proibição de uma travesti ao acesso do banheiro feminino de um restaurante de Fortaleza foi a causa de uma manifestação na noite deste sábado (7). O protesto foi organizado associação Mães pela Diversidade, coletivo que luta por direitos civis da comunidade LGBTQ+.

A estudante universitária Amanda Fellix, de 26 anos, sofreu transfobia na madrugada do último domingo (1º), no Restaurante Floresta Brasil, situado no Bairro Meireles, na Capital.

Conforme Mara Beatriz, de 41 anos, que tem uma filha transexual e é ativista do coletivo Mães pela Diversidade, o objetivo de realizar o protesto em frente ao restaurante é chamar a atenção dos clientes, funcionários e dos proprietários para a causa LGBTQ+ e para combater atos como a proibição de utilização de espaços por preconceito.

O restaurante se manifestou sobre na última sexta-feira (6), em uma postagem no Instagram. No pedido de desculpas destinada à Amanda, o estabelecimento afirma que o caso está sendo apurado.

"O público do Floresta é diverso assim como tem que ser. Nossa clientela LGBTQ+ sempre frequentou com total liberdade e igualdade ambas as casas. Não admitimos qualquer preconceito aqui dentro!!! Seja ele sexual, religioso ou político. Na nossa equipe também se encontra diversidade e inclusão, assim como transexuais, homossexuais, negros, índios, deficientes, orientais, amarelos, brancos", diz trecho da publicação.

A nota afirma ainda que, para o estabelecimento, a transfobia e qualquer outra discriminação é inaceitável. "O que aconteceu com a Amanda é tremendo equívoco, porém único, pontual, e nunca mais voltará a acontecer. Para nós, é tão normal que uma travesti use o banheiro feminino, que nunca sequer pensamos que era necessário treinamento."

Tentativa de proibição

Segundo Amanda, ela já havia utilizado o banheiro desde a chegada ao estabelecimento, e que o motivo da tentativa de proibição foram reclamações de outras clientes.

"Quando eu pedi a conta e fui ao banheiro para fazer a maquiagem e ver o cabelo, antes de eu entrar, um dos seguranças da casa me perguntou 'tu vai para onde, meu irmão?' num tom agressivo, me sugerindo com o braço que eu usasse o banheiro masculino. Ele disse que tinham outras mulheres reclamando sobre a minha presença no banheiro", relatou a estudante.

Somente após outro segurança conversar com o funcionário que tentou impedir o acesso, foi que ela conseguiu entrar novamente no banheiro e retocar a maquiagem. A estudante afirma, ainda, que dentro do banheiro era possível ouvir os dois empregados discutindo sobre o caso.

"Um outro segurança que estava abrindo a porta falou 'pode deixar ele passar, ele está usando o banheiro feminino há muito tempo', referindo-se a mim", relatou a jovem.

Em uma postagem no Instagram, Amanda informou que, após o episódio com o segurança, tentou entrar em contato com um outro funcionário do estabelecimento, porém não teve o pedido concedido. "Falei com o cara que tentou me levar para o banheiro masculino. Como sempre, todos eles tentaram contornar a situação me pedindo desculpas pelo ocorrido. Não! Eu não desculpo! Fizeram comigo, pode ser que façam com outras, afirmou a estudante na rede social.