Mulheres fogem dos padrões para conquistar as carreiras profissionais que sonham

Mulheres fogem dos padrões para conquistar as carreiras profissionais que sonham

A beleza padronizada, a carreira esperada e o comportamento exigido pela sociedade. E quando as mulheres dizem "não" pra isso? É justamente quando ouvimos grandes histórias e conquistas profissionais. A beleza padronizada, a carreira esperada e o comportamento exigido pela sociedade. E quando as mulheres dizem "não" pra isso? É justamente quando ouvimos grandes histórias e conquistas profissionais. Ao longo dos anos, as mulheres vêm acumulando vitórias importantes na luta pelo respeito e igualdade. Nesse 8 de março, quando se comemora o Dia Internacional da Mulher, o G1 conversou com três delas que driblaram os padrões e decidiram o que queriam ser independente do que queriam para elas.

Bruna Calábria, 31 anos, solteira e como ela mesma diz "bem resolvida". Profissão? Modelo plus size. E a modelo virou miss, ela vai disputar um concurso de beleza e pode se tornar a mais nova Miss Golden Plus Size. Ela já ouviu muitos julgamentos sobre sua aparência e por isso tentou se encaixar em um padrão que não respeitava seu corpo. Até que ela entendeu

"Passei muito tempo tentando estar dentro desse padrão de beleza que a nossa sociedade impõe. Eu tomava remédio pra emagrecer, fazia dietas malucas e cheguei até a passar por grupos de apoio. Mas chegou um momento em que eu disse 'não', e foi aí que eu me tornei mais feliz comigo e com meu corpo. Quando a nossa mente está feliz o resto não importa", diz Bruna.

Mas antes disso Bruna enfrentou muita dificuldade para entrar no mercado de trabalho. Ela deixou de ser contratada para fazer uma ação promocional de um produto alimentício porque, segundo a gerencia, Bruna faria os clientes acharem que o produto engordava.

"Já sofri muito para conseguir emprego. Já ouvi que não ficaria na vaga porque o uniforme não ia dar em mim. Quando trabalhei no ramo da beleza, tive patroa me cobrando para emagrecer porque trabalhando com beleza não podiam me ver gorda. Era feio, ela dizia", relata.

Bruna é candidata ao Miss Golden Plus Size

Arquivo Pessoal

E luta? É coisa de mulher?

É sim, e Larissa Pacheco é a prova. Filha de mãe solteira, criada com ajuda dos avós, trabalhou na feira e também vendeu roupas antes de encontrar seu lugar no mundo. Foi lutando, literalmente, que ela mudou de vida. Fácil não foi, mas conquistar seu sonho era um estímulo diário.

"O meio da luta é muito machista, sofri preconceito, assédio e discriminação. Mas, isso não me fez desistir da vontade de enfrentar esse meio e conquistar meu sonho. Eu ainda não me sinto realizada, eu tenho metas a bater e lugares a conquistar. Tudo que já conquistei é muito importante, mas ainda não é suficiente", conta Larissa.

Dentro desse ambiente tão masculino, ser mulher tem muito significado para a lutadora. "Eu sou muito feliz por representar as mulheres dentro da luta. Fui criada por mulheres e tudo o que sou vem dos ensinamentos que recebi da minha avó, da minha mãe e tias. E todas nós somos capazes de conquistar qualquer coisa que quisermos", afirma.

Lutadora Larissa Pacheco

Arquivo Pessoal

Ser cientista também é coisa de mulher

Angela Klautau é pesquisadora de física e nanociência na Universidade Federal do Pará (UFPA) e também enfrentou um ambiente pouco acolhedor, mas diz que o cenário tem mudado e já há muitas mulheres na ciência.

"Apesar de hoje em dia as dificuldades serem menores, ainda precisamos de várias conquistas. Lembro que minha filha mais velha nasceu no último ano do meu doutoramento, e na época eu tinha bolsa de estudos de doutorado e não existia licença maternidade pra bolsista. Assim, como o pai dela também não tinha licença paternidade, eu só consegui dar continuidade aos estudos por contar com o apoio da família. Hoje em dia, em virtude do trabalho de inúmeras mulheres cientistas, e homens também, as bolsistas de doutorado ganharam o direito a licença maternidade", relata.

Para Angela, fazer ciência é difícil no Brasil, a falta de incentivo e a realidade desigual do país contribuem para dificultar o processo. Ainda assim, a pesquisadora acredita que temos potencial para criar grandes cientistas.

"Para estimular outras meninas e mulheres e mostrá-las da importância na mulher na ciência acredito que o principal é o trabalho de base, onde meninas estudantes e educadoras do ensino fundamental e médio tenham a oportunidade de entender e até vivenciar o "fazer ciência". Possibilitando assim que as educadoras e as estudantes sejam as multiplicadoras desta conscientização da importância e do poder da ciência na sociedade", declara.

Angela Klautau é pesquisadora de física e nanociência na Universidade Federal do Pará (UFPA)

Arquivo Pessoal