Sintomas do coronavírus - tosse: entenda o que é e quando se preocupar

Sintomas do coronavírus - tosse: entenda o que é e quando se preocupar

A tosse é um dos sintomas da Covid 19, doença causada pelo coronavírus. G1 ouviu especialistas que explicam o que esse sintoma pode indicar. Tosse é um dos sintomas da Covid -19.

Foto: Paulo Dutra/G1 AM

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que os sintomas mais comuns do novo coronavírus (Sars-Cov-2) são: febre, tosse e dificuldade de respirar. Segundo a entidade, alguns pacientes podem ter dores, congestão nasal, corrimento nasal, dor de garganta ou diarreia. Esses sintomas, geralmente, são leves e começam gradualmente.

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O G1 conversou com alguns especialistas para entender o que esses sintomas podem indicar.

O que é a tosse?

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Cássio Ibiapina, pneumologista e professor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica que tosse é um reflexo natural do aparelho respiratório que surge como consequência de um processo irritativo.

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O médico explica que a principal função da tosse é proteger a árvore brônquica, impedindo a entrada de substâncias nocivas, de corpo estranhos e de alimentos, além de auxiliar a expelir e remover as secreções e detritos acumulados.

A tosse pode ser aguda ou crônica. E ainda seca ou produtiva (com catarro). Para cada tipo de tosse, existe uma abordagem individualizada. Cada paciente deve perguntar ao seu médico a melhor maneira de abordar a sua tosse e quais os sinais de alerta.

Sara Mohrbacher, clínica-geral e nefrologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, afirma que a tosse é um reflexo do corpo com intuito de proteger a via respiratória.

"Ela é uma liberação abrupta de ar – com isso, a gente consegue eliminar e proteger as vias aéreas mais profundas, com intuito de limpar secreções."

Segundo o "Guia de prática clínica: Sinais e sintomas respiratórios – Tosse", do Conselho Federal de Farmácia (CFF), as causas que estimulam a tosse são variadas e podem decorrer de:

infecções (virais ou bacterianas)

alergias

mudanças bruscas de temperatura

ambientes contaminados

cigarro

poeira

algumas classes de medicamentos

De acordo com a publicação, a tosse pode ser sintoma de doenças como asma, bronquite, doença pulmonar obstrutiva crônica, tuberculose e câncer de pulmão.

Tosse pode indicar várias doenças

Arte/G1

Tipos de tosse

Mohrbacher explica que a tosse pode ser seca, quando não tem secreção, ou produtiva, quando há secreção. A secreção, em si, não indica que o paciente tenha uma infecção bacteriana. É normal que, em qualquer processo viral, exista secreção, que com o tempo vai alterando sua cor.

"As pessoas não precisam se assustar, pois essa secreção não significa que ela está com infecção bacteriana. É normal que, com a infecção viral, tenha secreção – e ela vai melhorando, normalmente, em duas ou três semanas", diz Sara Mohrbacher, nefrologista do hospital Oswaldo Cruz.

A médica explica que pode haver sangue em algumas secreções, algo que pode ser causado por diferentes motivos. Se a quantidade de sangue na secreção for pequena, pode ser decorrência de um trauma provocado pelo excesso de tosse. Nesse caso, o sangramento para sozinho.

Caso a expectoração de sangue ocorra por tempo prolongado, é importante buscar os serviços médicos. Este caso pode ser sinal, por exemplo, de tuberculose ou câncer em algum ponto da via aérea respiratória.

Quando procurar o médico?

Segundo Sara Mohrbacher, do Oswaldo Cruz, é importante buscar ajuda médica caso o paciente apresente algum sintoma de gravidade.

"Qualquer quadro respiratório viral causa tosse, dor de garganta, pode dar um pouco dor no corpo, dor de cabeça, nos olhos e nos ouvidos. E essa pessoa deve procurar um médico se ela perceber evolução, com falta de ar ou pressão baixa, por exemplo", recomenda a médica.

Ela diz ainda que as pessoas com algum outro tipo de doença (como hipertensão e diabetes) ou que fazem algum tipo de tratamento (como hemodiálise ou quimioterapia) devem procurar auxílio médico no caso de haver evolução da tosse.

O que pode amenizar a tosse?

Sarah Mohrbacher explica que o objetivo nunca deve ser eliminar a tosse, por se tratar de um mecanismo de defesa: "Senão a gente começa a ter dificuldade de proteger o nosso pulmão e de eliminar sujeiras e microrganismos. Essas secreções acabam retidas dentro do pulmão – e aí, sim, podem trazer outras complicações, como a pneumonia".

A médica diz que existem alguns medicamentos que eliminam totalmente a tosse, mas é necessário ter receita controlada, e afirma que os pacientes nunca devem se automedicar.

De acordo com ela, o mais importante para diminuir a tosse é manter a hidratação.

"O paciente acaba ficando mais desidratado justamente por estar constantemente produzindo alguma expectoração. Então, é muito importante que as pessoas se mantenham hidratadas, tomando de 2 a 2,5 litros de água por dia", explica a nefrologista.

A médica afirma que uma boa forma de avaliar a hidratação é verificar a urina. "Se ela estiver clara, abundante, é sinal de hidratação. Se estiver concentrada e com cor forte, pode ser sinal de desidratação."

O infectologista Leonardo Weissmann, consultor da SBI, afirma que pacientes com tosse leve não precisam procurar pronto atendimento ou hospital. Ele afirma que a ingestão de líquidos, nebulizadores e duchas a vapor podem ajudar a aliviar a tosse: "Se ela persistir, medicamentos podem ser úteis, mas devem ser prescritos por um médico".

O que pode potencializar o sintoma?

Alguns fatores podem piorar a tosse. Segundo o CFF, um dos agentes que irritam o sistema respiratório é o tabaco. A recomendação é que o paciente com esse sintoma interrompa o hábito.

O CFF cita ainda como potencializadores da tosse: alimentos com capsaicina (componente ativo das pimentas), substâncias presentes no ar poluído, frio ou calor excessivo e outros compostos irritantes químicos.

Sarah Mohrbacher afirma ser normal que, durante a noite, a tosse piore um pouco mais. "Isso porque nesse período as pessoas engolem menos – e também acumulam mais secreção durante o sono. É normal que a tosse piore no fim do dia."

Grupos que devem ter mais atenção à tosse

As crianças são um dos grupos que devem ter atenção aos sintomas da tosse. Há controvérsia sobre quando se deve medicar uma criança que apresenta essa reação. Segundo o CFF, há controvérsia sobre a idade que se pode dar algum tipo de remédio.

O "Guia de prática clínica: Sinais e Sintomas Respiratórios - Tosse" diz:

"O Food and Drug Administration (FDA) não recomenda o uso de medicamentos para tosse em crianças menores de 2 anos devido ao risco de apresentarem efeitos adversos potencialmente graves (U.S. Food and Drug Administration. Public Health Advisory). Já a American Academy of Pediatrics (AAP) não recomenda o uso de fármacos para tosse em crianças menores de 4 anos, pela mesma razão apresentada pelo FDA. Muitos produtos para o tratamento da tosse para crianças contêm associação de dois ou mais princípios ativos, o que aumenta a chance de superdosagem acidental se o tratamento for combinado a outros produtos".

A publicação da CFF recomenda que, para crianças com mais de 1 ano, a tosse pode ser aliviada com medidas não farmacológicas como hidratação oral, fluidos quentes, como o chá e mel.

O infectologista Leonardo Weissmann afirma que tosse persistente em idosos também devem ser motivo de atenção, pelo fato de a tosse forçar os músculos da respiração, podendo causar dificuldade para respirar.

"Se a tosse for produtiva, com expectoração esverdeada ou purulenta e com febre, pode significar infecção bacteriana [no caso de idosos]."

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