Casa Branca projeta ao menos 100 mil mortos nos EUA mesmo com distanciamento social

Casa Branca projeta ao menos 100 mil mortos nos EUA mesmo com distanciamento social

 

"Quero que todo americano esteja preparado para os dias difíceis que estão pela frente", disse o presidente.

"Vamos passar por duas semanas muito, muito dolorosas", completou, acrescentando que era uma questão "de vida ou morte" seguir as orientações de distanciamento social por mais 30 dias.

"Muita gente me falou para não fazer nada, só deixar passar, "pense nisso como uma gripe". Mas não é uma gripe, é perverso."

Há pouco mais de um mês, Trump havia dito que o novo vírus era "assim como uma gripe" e, ainda na semana passada, sugeriu suspender as medidas restritivas nos EUA para que o país retomasse as atividades e, consequentemente, a economia.

Os números mostrados por sua equipe de especialistas nesta terça foram os responsáveis por convencer o presidente a recuar e decidir no domingo (29) estender orientações de distanciamento social até 30 de abril.

A metodologia, de acordo com a médica Deborah Birx, também da força tarefa do governo americano, foi baseada em modelos observados na Itália, por exemplo, que registra altíssimo número de transmissão e letalidade.

Caso não houvesse as medidas restritivas, indicam os estudos, o número de mortos nos EUA poderia atingir de 1,5 milhão a 2,2 milhões de pessoas.

O gráfico exibido nesta terça nos salões da Casa Branca foi chamado de realista por Anthony Fauci, diretor do instituto de doenças infecciosas dos EUA, que disse que é preciso trabalhar para baixar os números, seguindo rigorosamente as medidas restritivas impostas no país.

"Nós temos esses números, mas não quer dizer que os aceitamos", afirmou Fauci.

Ele é um dos responsáveis pela mudança de tom e comportamento de Trump, que manteve uma postura errática frente a crise até aqui.

O presidente vocalizava medidas de distanciamento social ao mesmo tempo em que propagandeava o uso de medicamento que ainda não teve sua eficácia comprovada contra o vírus e defendia a reabertura do país até a Páscoa, em 12 de abril.

No domingo, porém, Trump recuou e anunciou orientações de distanciamento social até o fim de abril e, desde então, estuda novas medidas com a força tarefa da Casa Branca, à medida que vê a piora do quadro em diversos estados, principalmente em Nova York e Nova Jersey.

Apesar dessas regiões concentrarem os cenários mais críticos, o aumento exponencial de casos têm chegado a Michigan e Flórida, por exemplo.

O primeiro caso de coronavírus confirmado nos EUA foi em 21 de janeiro. O presidente declarou estado de emergência nacional após 52 dias, em 13 de março. A partir daí, a situação degringolou e, menos de duas semanas depois, o país registrava 83 mil casos, superando China e Itália e tornando-se o epicentro do vírus.

Nesta terça, porém, o número de casos já tinha mais que dobrado nos EUA, enquanto a China registrava 82,2 mil casos e 3.309 mortos. Numericamente, a Itália ainda registra maior letalidade: 105,7 mil casos e 12.428 mortes.

Até agora, pelo menos 3 de 4 americanos estão sob medidas restritivas em todo o país e a ordem é que assim continuem até pelo menos o fim de abril. Na Casa Branca não se falou sobre uma data para que as mortes comecem a cair, mas a projeção é de que haja vítimas até junho.

O total de diagnósticos no mundo é de cerca de 850 mil, ainda em curva crescente, com 41 mil mortos.

Desde o meio de março, Trump já anunciou uma série de medidas para tentar conter o avanço da pandemia no país.

Entre as mais importantes estão a suspensão dos voos da Europa aos EUA –viagens provenientes da China e do Irã também estão vetadas–, decreto de emergência nacional, assinatura do maior pacote de emergência fiscal da história americana, de US$ 2 trilhões, com pagamento direto aos cidadãos do país, e fechamento da fronteira dos EUA com Canadá e México para trânsito não essencial.