Brasileiro morre em Londres vítima do coronavírus, que contraiu após preparar um almoço
"No entanto, todos que estiveram naquele dia acabaram contaminados pelo coronavírus", conta Marcelle Leake, esposa de Marcos. O casal também teve a doença, mas se recuperou bem.
Tavares levou mais de duas semanas para sentir os sintomas da infecção. Depois disso, tudo aconteceu muito rápido, conta Marcelle.
O carpinteiro foi levado de ambulância para o hospital na quinta (27) à noite. Na sexta, seus pulmões haviam sido dominados pela doença. Quatro dias depois, com rins e pâncreas paralisados, os médicos decidiram desligar o sistema de auxílio à respiração. Ele morreu minutos após ser retirado dos aparelhos.
"Ele estava em coma induzido, e queríamos que ele pudesse acordar para ao menos se despedir. Mas o médico falou que seria desumano. Ele acordaria desorientado, sentiria falta de ar e morreria tentando buscar o ar. Seria como a sensação de ser jogado no mar", conta Marcelle.
Tavares era diabético, mas seus amigos apontam que ele sempre teve boa saúde e força para trabalhar em funções pesadas. "Quando cheguei aqui, tinha 22 anos e ele, 50. Eu via a energia, a alegria e a disposição dele e isso me motivou muito. Ele mantinha o espírito brasileiro vivo", diz Cruz.
Nascido em Minas Gerais, Tavares emigrou para a Europa no fim dos anos 1990. Antes da Inglaterra, morou por um tempo em Portugal. Tinha três filhos no Brasil. Um deles se tornou advogado com a ajuda enviada do exterior pelo pai. Tavares se casou de novo no Reino Unido e teve mais dois filhos, atualmente com 12 e 17 anos.
"Ele tinha conseguido os documentos agora, conseguido uma casa aqui. E falava que queria voltar para o Brasil, ter um sítio e criar bichos", comenta Marcelle.
O Reino Unido demorou a adotar medidas de isolamento social para conter a propagação do novo coronavírus. Inicialmente, o premiê Boris Johnson minimizou os riscos, mas depois recuou e colocou o país em quarentena. O próprio Boris acabou contaminado pelo novo vírus.