Nos EUA, presidente de Comissão critica embaixador por defesa a Eduardo Bolsonaro

Nos EUA, presidente de Comissão critica embaixador por defesa a Eduardo Bolsonaro

A família Bolsonaro já demonstrou apoio a Trump em diversas oportunidades. O próprio presidente Jair Bolsonaro se declarou publicamente fã do mandatário americano e afirmou torcer por sua reeleição. Eduardo Bolsonaro já usou um boné com apoio à reeleição de Trump, em visita a Washington. A torcida contraria a tradição diplomática dos países de não se envolver em disputas domésticas, para manter canais abertos com qualquer lado que saia vencedor.

Ao ser criticado pelo comitê da Câmara americana, Eduardo Bolsonaro tentou minimizar a reação no Congresso, ao dizer que a manifestação de Engel era feita por um congressista e não pelo comitê completo. A resistência ao governo Bolsonaro entre deputados americanos, no entanto, tem ganhado corpo no último ano e extrapolou o círculo dos parlamentares democratas mais progressistas.

No início de junho, 24 deputados da Comissão de Orçamento e Assuntos Tributários da Câmara dos EUA, a mais importante da casa, enviaram uma carta ao representante comercial americano em oposição a um acordo comercial com o Brasil. No texto, assinado pelo presidente do colegiado, Richard Neal, os deputados afirmam que Bolsonaro é "um líder que desconsidera o estado de direito e tem desmantelado árduo progresso nos direitos civis, humanos, ambientais e trabalhistas" no País.

Em entrevista aoEstadão, o deputado por Oregon e presidente da subcomissão de Comércio da Câmara, Earl Blumenauer, disse que Bolsonaro é "uma imitação pobre de Trump". "A liderança brasileira atual não inspira confiança. É essencial falar sobre a Amazônia quando tratamos de mudanças climáticas globais. Biden estará em posição de colocar claramente quais são as condições dos EUA para desenvolver essa relação com o Brasil", afirmou Blumenauer.

O democrata Eliot Engel não deve ser reeleito em novembro, mas a substituição do parlamentar deve levar para a Câmara um nome ainda mais distante da linha política da família Bolsonaro. Quem venceu as primárias do Partido Democrata no distrito de Nova York, representado por Engel, foi o progressista Jamaal Bowman.

Dentro do comitê de Relações Exteriores também há outras vozes contrárias a Bolsonaro. O vice-presidente do colegiado, Joaquin Castro, deputado pelo Texas, é um democrata que já cobrou publicamente o compromisso de Bolsonaro com a proteção da Amazônia e que co-organizou uma emenda para esvaziar os efeitos da designação do Brasil como aliado fora da OTAN.

A Câmara tem maioria democrata e o partido de oposição a Trump pode ampliar também sua presença no Senado, em novembro. Analistas, como ex-embaixador dos EUA no Brasil, Tom Shannon, afirmaram aoEstadãoque o fato de Bolsonaro ter se vinculado a Trump será um desafio para o governo brasileiro em um eventual governo do democrata Joe Biden.

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