Busca por tratamentos contra o cigarro sobe 30% na pandemia

Busca por tratamentos contra o cigarro sobe 30% na pandemia

REDE PRIVADA
A procura por tratamentos antitabagisticos na rede privada teve comportamento semelhante ao do serviço estadual. No HCor, a demanda também subiu 30% na quarentena na comparação com os meses anteriores ao início da pandemia.

A gerente de psicologia do HCor e responsável pelo Programa Vida Sem Cigarro do hospital, Silvia Cury, também faz relação entre o novo coronavírus e o aumento na busca por tratamento antitabagismo.

"O cigarro diminui a ação da imunidade do seu organismo. Você fica mais suscetível a pegar doenças infecciosas e respiratórias", explica a profissional.

"Além disso, a pessoa que está em quarentena sabe que fumar dentro de casa não é adequado, pois pode contaminar a família com substâncias cancerígenas [do cigarro]", acrescenta Cury, ao destacar mais um motivo que tem levado as pessoas a tentar parar de fumar durante a pandemia.

No HCor, todo o tratamento antitabagismo é feito virtualmente e dura cerca de três meses. Segundo Cury, ao fim do processo, aproximadamente 80% dos pacientes conseguem parar de fumar. Após um ano, entre 55% e 60% se mantêm sem cigarro.

RISCO DA DOENÇA
A ligação entre o tabagismo e a possibilidade de piora no quadro de fumantes contaminados pelo novo coronavírus ajudou a fazer com que o advogado Osmar Alves de Campos Golegã Neto, 36, decidisse parar de fumar depois de 15 anos com o vício.

"Eu fumava mais ou menos um maço e meio por dia. Na quarentena, eu resolvi parar, especialmente por causa da notícia de que a Covid-19 é uma doença que ataca o pulmão", afirmou. Segundo ele, "faltava um incentivo" para que o hábito fosse abandonado.

No caso do advogado, o cigarro foi sendo deixado de lado aos poucos. "Fui aumentando o tempo entre um e outro. Quando vi, em uma semana estava fumando meio maço por dia", lembra. Ele diz que a etapa final foi a mais difícil, quando estava consumindo cinco unidades diárias. "Fiquei com mau humor. Coisas que não me tirariam do sério passaram a me tirar."

Outra que decidiu largar o cigarro durante a quarentena foi a analista de marketing digital Bárbara Ribeiro, 25, que fumava desde os 14. Além do risco ligado à Covid-19, ela conta que o isolamento social contribuiu de outro jeito para que ela parasse de fumar.

"O comércio fechado me ajudou a não sair para procurar cigarro", diz a jovem, que não tinha o hábito de fumar dentro de casa.

Ela diz não ter medo de recaídas, apesar de acreditar que deverá ter mais vontade de fumar quando sua rotina voltar ao normal, com o fim do distanciamento social durante a quarentena.

Sem fumar, Bárbara afirma já sentir pequenas mudanças em sua qualidade de vida, como melhoria do paladar, do olfato e da capacidade respiratória nos afazeres diários.

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