"Tudo praticamente normal", diz brasileiro que mora em Wuhan, primeiro epicentro de covid-19
Um ano após o novo coronavírus ter sido descoberto, a situação no local onde ocorreu o primeiro surto de covid-19 é bastante diferente da do restante do mundo ocidental.
Segundo a Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, não há registros de novos casos e de novas mortes do vírus na província de Hubei, da qual Wuhan é a capital.
Já na Europa, vários países decidiram confinar novamente suas populações devido ao aumento significativo no número de casos, frustrando os planos de Natal de milhões de pessoas e cancelando as festividades de Ano Novo.
A descoberta de uma mutação do vírus no Reino Unido, anunciada no último sábado (19/12) pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, reforçou ainda mais esse temor entre as autoridades.
Essa nova variante é mais contagiosa e está “fora de controle”, segundo o secretário de Saúde do país, Matt Hancock.
Como resultado, vários países suspenderam voos de e para o Reino Unido.
No Brasil, a pandemia também não dá sinais de arrefecimento — são quase 200 mil mortos desde o primeiro caso, em 26 de fevereiro. O número de óbitos é superior a 500 por dia.
"Preocupação"
Shindo já vive na China há sete anos e chegou ao país por meio de uma bolsa que conseguiu ao estudar no Instituto Confúcio, da Unesp (Universidade Estadual Paulista). Ele acaba de terminar o bacharelado em Relações Internacionais e se prepara para se candidatar ao mestrado.
O brasileiro estava de férias na Malásia com a namorada em janeiro quando os dois foram pegos de surpresa com o lockdown em Wuhan.
Naquela época, imagens da cidade, com suas ruas totalmente desertas e isolada do restante da China, correram o mundo.
Até então, não havia sinais de que o vírus se alastraria, muito menos de que se tornaria uma pandemia.
Sem poder voltar para casa, o casal passou dois meses fora de Wuhan até sua reabertura, em março.
Ainda assim, Shindo foi um dos que pressionou o governo de Jair Bolsonaro a retirar os cidadãos brasileiros de Wuhan, em fevereiro.
A China adotou uma estratégia de combate ao vírus que se provou bem-sucedida — o país não só confinou sua população, mas adotou um sistema de identificação e rastreamento de infectados que facilitou o controle do espalhamento da doença.
Como resultado, as atividades em Wuhan começaram a ser retomadas progressivamente a partir de março. Com a melhora do quadro, em outubro, a província de Hubei chegou a atrair mais de 52 milhões de turistas apenas entre os dias 1 a 7, durante a Semana Dourada, período festivo do gigante asiático.
Wuhan recebeu quase 19 milhões de visitantes, segundo dados do Departamento de Cultura e Turismo da Província.
O país também foi criticado, entretanto, por ter escondido informações sobre o avanço da covid-19 e acumulado erros de gestão, segundo documentos confidenciais do Centro Provincial de Controle e Prevenção de Doenças de Hubei obtidos pela rede americana CNN.
Shindo se diz preocupado com a situação da família que vive no Brasil.
“Meu pai é do grupo de risco e depende do SUS. Uma das minhas irmãs é professora e não pode trabalhar de casa. Fico preocupado”.
Ele conta que deve passar o Natal com um grupo de brasileiros, apesar de a festa não ser celebrada na China.
“Vamos nos reunir em casa e fazer uma ceia”, diz.
Uma realidade muito diferente da do restante do mundo.
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