Em clima de campanha, Trump deixa Washington com promessa de voltar "de alguma forma"
No discurso, feito na pista da base militar de Andrews, ele não citou Biden, mas desejou sorte e sucesso ao novo governo, sem deixar de se gabar.
“Como dizem os atletas, nós demos tudo em campo. Não poderíamos ter feito um trabalho mais duro. Eles [governo Biden] terão uma boa base para fazer coisas. Nós próximos meses, haverá bons números na economia. Lembrem-se de nós”.
O republicano também ressaltou ter melhorado a vida dos militares veteranos, destacou ter cortado impostos e regulações ao longo do mandato e lembrou que, durante seu governo, o país registrou o menor percentual de desemprego na história, pouco antes da pandemia.
Sobre a Covid-19, ele se solidarizou com as famílias das vítimas e celebrou que uma vacina foi criada, com apoio de seu governo, em nove meses. Ele chamou o imunizante de “milagre da medicina”.
No entanto, algumas dezenas de apoiadores acompanharam o discurso, sem respeitar distanciamento social. Familiares de Trump também estavam presentes.
O presidente fez agradecimentos ao vice Mike Pence, ao Congresso -“tirando alguns elementos”- e aos amigos e familiares. A primeira-dama Melania, toda vestida de preto, falou brevemente, e agradeceu pelo amor e ajuda que recebeu. “Deus abençõe esta nação linda”, disse ela.
Ao final, Trump disse que foi uma grande honra ser presidente dos EUA, e indicou que não deve sair de cena. “Eu sempre vou lutar por vocês. Vou estar vendo e ouvindo. Adeus. Mas nós vamos voltar de algum jeito”.
Antes do discurso, houve uma salva de tiros de canhão, em homenagem a Trump.
O avião decolou por volta das 9h (11h em Brasília), rumo à Flórida. Trump deixou a Casa Branca às 8h15, para embarcar no helicóptero que o levou até a base de Andrews. “É um adeus, mas espero que não por muito tempo”, disse o presidente, no jardim da residência oficial, com um semblante um tanto triste. “Foi uma grande honra, a honra de uma vida”, afirmou aos jornalistas.
Trump foi embora de Washington três horas antes da posse de Joe Biden. Ele é o primeiro mandatário a faltar na posse do sucessor em mais de um século.
Outros líderes do país só deixaram a capital após a transição de cargo, e muitas vezes tiveram a companhia do novo presidente até o helicóptero que os levaram embora. Assim, a saída de Trump foi comparada pela imprensa americana à partida de Richard Nixon, que deixou o cargo após renunciar, em 1974.
Nas últimas horas no cargo, Trump deu perdão presidencial a mais de cem pessoas, incluindo Steve Bannon, que foi seu estrategista na campanha de 2016 e era acusado de fraude ao pedir doações para a construção de um muro na fronteira.