Variante britânica da Covid deve se tornar predominante nos EUA em breve, apontam cientistas

Variante britânica da Covid deve se tornar predominante nos EUA em breve, apontam cientistas

 

As conclusões são de um estudo em pré-print, ou seja, que ainda não foi revisado e analisado por outros cientistas. Os pesquisadores alertam que o país deve tomar ações agora para evitar consequências devastadoras.

A equipe de pesquisadores dos EUA começou com análises de cerca de 500 mil amostras positivas de Sars-CoV-2 e sequenciou 460 delas. Dessas, 45% (209) eram da variante B.1.1.7, distribuídas por dez estados americanos. Outros três sequenciamentos também identificaram a variante em amostras aleatórias da Califórnia.

Segundo estimativas dos pesquisadores, a proporção de B.1.1.7, na última semana de janeiro de 2021, era, em média, cerca de 2,1% dos casos nos EUA. Nos estados, a variante seria responsável por cerca de 2% dos casos na Califórnia e por aproximadamente 4,5% na Flórida.

Os cientistas estimaram que, apesar de ainda apresentar uma frequência relativamente baixa no país, houve um crescimento da variante de 35% a 45%, e duplicação de suas taxas a cada semana e meia.

O artigo destaca que a B.1.1.7 se tornou dominante no Reino Unido poucos meses depois de sua detecção e que países europeus, como Portugal e Irlanda, observaram a expansão da variante e, em seguida, ondas devastadoras da Covid.

De acordo com os pesquisadores, os dados encontrados nos EUA apontam que quase certamente o B.1.1.7 vá se tornar a linhagem de Sars-CoV-2 dominante em diversos estados do país até março de 2021. A possibilidade vai ao encontro do apontado pelos modelos do CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA).

Mas ter dados mais precisos sobre a prevalência do B.1.1.7 em todo os EUA é difícil, dizem os pesquisadores, por falta de um programa nacional de vigilância genômica, o qual está disponível em países como Reino Unido, Dinamarca, Austrália e Nova Zelândia.

O estudo, porém, oferece estimativas robustas sobre a Califórnia e a Flórida. “Como os laboratórios nos EUA estão sequenciando apenas um pequeno subconjunto de amostras do Sars-CoV-2, a verdadeira diversidade do Sars-CoV-2 neste país ainda é desconhecida”, dizem os autores.

Com frequências ainda relativamente baixas das variantes B.1.1.7, B.1.351 (África do Sul) e P.1 (Brasil), ainda há tempo para colocar em ação programas de vigilância necessários e ações de mitigação.

“A menos que medidas decisivas e imediatas de saúde pública sejam tomadas, o aumento
taxa de transmissão dessas linhagens provavelmente terá consequências devastadoras para a mortalidade e morbidade da Covid-19 nos EUA em poucos meses”, concluem os pesquisadores.