Chefe da saúde nos EUA se diz preocupado com Brasil, mas não dá sinal sobre envio de vacinas

Chefe da saúde nos EUA se diz preocupado com Brasil, mas não dá sinal sobre envio de vacinas

 

“Vamos conversar com autoridades brasileiras […] Estamos muito preocupados com a difícil situação do Brasil e vamos discutir maneiras de sermos úteis para o Brasil. Não posso dar detalhes, quero ver o que eles apresentam para podermos ajudá-los no futuro”, disse Fauci.

“Depois que cuidarmos da difícil situação nos Estados Unidos, nós vamos, claro, no futuro, teremos excedente de vacinas e certamente consideramos tornar isso disponível para países que precisarem”, completou o epidemiologista.

Nas últimas semanas, diplomatas brasileiros têm tentado marcar uma reunião entre Fauci e representantes da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Instituto Butantan, entre outras autoridades de saúde, mas ainda não há data fechada para o encontro.

O descontrole da situação brasileira está no centro de atenção de autoridades e da imprensa americana, que tratam o país como ameaça global diante da escalada de casos e mortes.

Ao lado de Fauci na coletiva desta quarta, o coordenador da força-tarefa da Casa Branca no combate à pandemia, Andy Slavitt, disse que tem falado “diariamente com colegas brasileiros”, mas também não deu detalhes sobre as conversas.

“Estamos conversando com nossos colegas brasileiros diariamente sobre o que está acontecendo por lá. Não darei mais detalhes além de que nós estamos profundamente comprometidos com isso”, disse Slavitt.

Assim como Slavitt, Fauci destacou o investimento dos Estados Unidos, no valor de US$ 4 bilhões (cerca de R$ 23 bilhões), no consórcio mundial de vacinas dirigido pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

“Estamos agora com um papel ativo na Covax [Facility, o consórcio de vacinas], estamos de volta à liderança global e isso é muito importante”, disse Fauci.

A Casa Branca tem sido pressionada para doar doses excedentes de vacina desde que reportagem do jornal The New York Times revelou, em 11 de março, que países haviam pedido doação de doses da AstraZeneca que não estão em uso nos EUA porque ainda não foram liberadas pela agência de saúde americana.

De acordo com a publicação, o governo Biden estudava enviar doses para nações fortemente atingidas pela pandemia, como o Brasil.

Na semana passada, a Casa Branca enviou algumas dessas doses para México e Canadá, países que fazem fronteira com os Estados Unidos, mas considerou o movimento uma ação pontual.

O governo brasileiro disse que estava negociando doses disponíveis com os Estados Unidos desde 13 de março -ou seja, somente depois da publicação da reportagem.

O governo americano, por sua vez, não tem dado detalhes sobre as negociações, fazendo sempre referência ao esforço de resolver a situação interna primeiro e destacando os investimentos no consórcio Covax, para onde podem ser enviadas doses excedentes.

O presidente do Senado brasileiro, Rodrigo Pacheco (DEM), enviou na semana passada carta à vice-presidente americana, Kamala Harris, pedindo para comprar vacinas estocadas e que não estão sendo usadas nos EUA, mas não teve resposta até agora.