Diretor do Inep responsável por coordenar o Enem deixa o cargo

Diretor do Inep responsável por coordenar o Enem deixa o cargo

Na semana passada, o diretor de Gestão e Planejamento, Alexandre Avelino Pereira, também foi exonerado. Novas trocas no alto comando do órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC) já eram esperadas.

Neste caso, a demissão está relacionada com a crise que eclodiu no órgão em novembro passado, como o jornal Folha de S.Paulo mostrou.

A avaliação das lideranças do Inep é de que Pereira fez parte de resistências dentro do órgão para atender planos do governo, como a tentativa de terceirizar o banco de itens das avaliações.

A diretoria de Gestão e Planejamento é responsável, entre outras coisas, pela logística de exames, como o Enem.

A demissão de Pereira ocorreu após o fim da aplicação da edição de 2021, cuja reaplicação da prova acabou no último domingo (16).

Às vésperas do Enem de 2021, o Inep passou por uma crise histórica, com a debandada de servidores de postos-chave, denúncias de interferência no conteúdo do exame e de assédio moral.

No mesmo mês em que foi aplicado o Enem, 35 servidores do Inep pediram demissão.

Metade deles foi nomeada para os cargos de chefia já durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
Na pedido, citam a “fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima do Inep [Instituto nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais]”.

Funcionários do Inep denunciaram tentativa de interferência ideológica no conteúdo do Enem no ano passado.

À época, após as demissões, Bolsonaro disse que a prova teria a cara do governo e ocorreria na “mais absoluta tranquilidade”.

Este ano será o primeiro com questões elaboradas inteiramente durante a gestão Bolsonaro. No ano passado, especialistas ainda consideraram a prova equilibrada.

Principal porta de entrada de estudantes no ensino superior, o Enem já tem data marcada neste ano. Ele será aplicado em 13 e 20 de novembro, segundo o Ministério da Educação.

Dupas foi acusado pelos servidores de promover desmonte no órgão, com decisões sem critérios técnicos, e também de assédio moral, segundo denúncia da Assinep (Associação de Servidores do Inep).

Ele foi levado ao cargo pelo atual ministro da Educação, Milton Ribeiro, de quem é próximo.

Desde o começo do governo Bolsonaro, a educação passa por turbulências. Dupas é o quarto no comando no Inep.

Já Ribeiro é o terceiro ministro, sucessor da polêmica gestão do olavista Abraham Weintraub, investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pré-candidato ao governo de São Paulo.