Ativista britânica que namorou espião disfarçado será indenizada em R$ 1,7 milhão

Ativista britânica que namorou espião disfarçado será indenizada em R$ 1,7 milhão

Acredita-se que Kennedy tenha passado sete anos se infiltrando em grupos ambientalistas e, de acordo com a BBC, ele teve relações sexuais com até outras dez mulheres durante a missão. Ao todo, a operação policial secreta espionou mais de mil grupos políticos, predominantemente ligados à esquerda, entre os anos 1970 e 2010.

Na decisão, os três juízes responsáveis por analisar o caso destacaram as responsabilidades de oficiais superiores na espionagem. “Ou sabiam do relacionamento ou optaram por não saber de sua existência ou foram incompetentes e negligentes em não acompanhar os óbvios e claros sinais [do relacionamento]”, ressaltaram, segundo o jornal britânico The Guardian.

Os magistrados ainda elogiaram o que chamaram de “tenacidade e perseverança” da ativista na tramitação da denúncia. Em grande parte do caso, ainda segundo o periódico inglês, ela conduziu a ação sozinha, devido a problemas financeiros.

Nesta terça (25), Wilson disse à imprensa britânica que “a descoberta de que essas operações violaram os direitos à liberdade de expressão equivale a um reconhecimento muito atrasado de que espionar grupos de ativistas é policiamento político e não tem lugar em uma sociedade democrática”.

Ela acrescentou: “É importante, porque vai além do escândalo de policiais disfarçados enganando mulheres para relacionamentos íntimos. A violação de nossos direitos políticos foi a razão para essas mobilizações e milhares de pessoas tiveram seus direitos políticos violados dessa maneira”.

A Política Metropolitana reconheceu a gravidade do julgamento. “[O veredicto] delineou uma série de falhas graves que permitiram que Kennedy permanecesse em uma operação secreta de longo prazo sem o nível apropriado de supervisão”, disse Helen Ball, comissária-assistente da instituição. “Isso resultou na violação dos direitos humanos de Wilson.”

A conduta dos policiais disfarçados durante as quatro décadas de operação está sendo investigada em um inquérito público criado em 2014 e liderado por um juiz aposentado. O grupo deve realizar em maio sua próxima rodada de audiências.