Helicóptero militar dos EUA faz 1º voo sem piloto e sem tripulação

Helicóptero militar dos EUA faz 1º voo sem piloto e sem tripulação

A tecnologia utilizada, Sikorsky Matrix, pode mudar a forma com que “aviadores executam suas missões ao fornecer assistência em voos com visibilidade limitada ou sem comunicação”, diz o comunicado divulgado pela Darpa, o que permite ao sistema executar operações sem o comando humano.

Segundo Eduardo Mariutti, professor do Instituto de Economia da Unicamp e do programa de pós-graduação em relações internacionais San Tiago Dantas, há duas principais implicações no uso desse tipo de tecnologia. A primeira é a economia de soldados, uma questão que existe desde a Guerra do Vietnã, quando a população americana se mostrou inconformada com as mortes em combate.

“Do ponto de vista militar, há maior propensão a ações arriscadas porque só vai perder material. Por mais caro que seja, não envolve perda de vida de pessoas altamente treinadas, em cenários de combates complexos”, explica o especialista em sistemas complexos e teoria do caos.

segundo ponto é uma questão ética que já é discutida no meio sobre “até que ponto uma máquina pode tomar decisões que vão colocar a vida de civis em risco”, acrescenta. Esse tipo de dilema é tema frequente em debates sobre aplicações da inteligência artificial, ainda mais em contexto militar. A Darpa não menciona o conceito no comunicado, mas a tecnologia pioneira empregada no helicóptero fornece diferentes níveis de autonomia e automação para missões específicas.

O texto afirma que o Alias tem potencializado os avanços em sistemas de automação dos últimos 50 anos, destacando que mesmo as aeronaves mais automatizadas hoje exigem que os pilotos gerenciem interfaces complexas e lidem com situações inesperadas.

“Com o Alias, o Exército terá muito mais flexibilidade operacional”, avalia Stuart Yang, gerente de Programa do Escritório de Tecnologia Tática da Darpa, em comunicado. “Isso inclui a habilidade de operar uma aeronave a toda hora do dia ou da noite, com ou sem pilotos e em uma variedade de condições difíceis, como ambientes visuais desafiadores, bloqueados e degradados.”

A agência afirma que o Exército americano tem explorado o uso potencial de tecnologias como a do Alias. No próximo mês, o programa pretende conduzir o primeiro voo com o sistema em um UH-60M em Fort Eustis, na Virgínia.

Associado a ações americanas mundo afora, o Black Hawk ocupa um lugar no imaginário pop: a derrubada de um deles na Somália virou filme de Ridley Scott (“Black Hawk Down”, “Falcão Negro em Perigo” na versão brasileira). Ele é usado por forças aéreas em 31 países, inclusive no Brasil.