Brasil está pronto para declarar o "fim" da pandemia?
“Me parece complicado e preocupante acabar com decretos nacionais enquanto a OMS ainda classifica a situação toda como uma pandemia”, avalia Maciel.
A OMS, inclusive, lançou na quarta-feira (30/3) um planejamento estratégico para o mundo conseguir alcançar o fim da fase aguda da pandemia ainda em 2022.
No documento, a instituição leva em conta três possibilidades para os meses que virão:
- Cenário otimista: as próximas variantes do coronavírus serão significativamente menos severas e a proteção contra quadros mais graves de covid será mantido sem a necessidade de doses de reforço ou a atualização das vacinas já disponíveis.
- Cenário pessimista: uma variante mais virulenta e com alta capacidade de transmissão aparecerá e conseguirá derrubar a efetividade das vacinas. A proteção contra quadros graves e mortes por covid despencará, especialmente nos grupos mais vulneráveis, o que demandará atualização dos imunizantes e novas doses de reforço nos grupos de risco.
- Cenário realista: o coronavírus continuará a evoluir, porém a gravidade da infecção se reduzirá significativamente e haverá imunidade suficiente na população contra quadros mais graves e mortes, o que levará a surtos cada vez menos severos. Aumentos periódicos na transmissão viral continuarão a ocorrer, o que exigirá campanhas de vacinação ao menos para os grupos mais vulneráveis.
Para garantir que o cenário realista (ou até o otimista) se concretize e a pandemia chegue ao fim, a OMS destaca duas ações estratégicas básicas:
- Reduzir a controlar a transmissão do coronavírus para proteger a população mais vulnerável e diminuir o risco de surgirem novas variantes agressivas
- Prevenir, diagnosticar e tratar a covid-19 com medidas não farmacológicas, vacinas e remédios, para diminuir o máximo possível a mortalidade e as consequências de longo prazo da doença.
Maciel entende que o Brasil ainda precisa reforçar a resposta nos dois eixos estratégicos antes de pensar no fim da pandemia.
“Quando acabamos com todas as medidas preventivas e não promovemos campanhas de comunicação para conscientizar e proteger as pessoas, especialmente as mais vulneráveis, falhamos em reduzir a transmissão do coronavírus”, diz.
“Para completar, nossa capacidade de testagem e vigilância continua ruim e só incorporamos o primeiro tratamento contra a covid-19 na rede pública esta semana”, completa a especialista.
O remédio mencionado pela epidemiologista é o baracitinibe, da farmacêutica Eli Lilly. Ele começará a ser distribuído no Sistema Único de Saúde (SUS), mas só estará disponível para os casos mais graves, em que há necessidade de hospitalização e oxigenação complementar.
Saiba mais em BBC.