Polícia invade nova cracolândia no centro de São Paulo; vídeo mostra correria

Polícia invade nova cracolândia no centro de São Paulo; vídeo mostra correria

A rua Doutor Frederico Steidel se tornou um dos principais pontos de concentração dos usuários de drogas desde a realização da ação policial que esvaziou a praça Princesa Isabel, a cerca de 1 km dali. Nos últimos dias, o grupo tem se alternado entre a via e a rua Helvétia, no lado oposto da avenida São João.

Desde esta quarta-feira, barracas começaram a ser montadas na Frederico Steidel. De acordo com a polícia, essas estruturas são usadas pelos traficantes para vender drogas sem serem flagrados por câmeras de segurança e drones da GCM. ?

Especula-se que a rua tenha sido escolhida para os acampamentos por ser menos habitada e ter menos comércio do que a Helvétia, que tem maior trânsito de veículos.

Outra hipótese é a tentativa de evitar corte no fornecimento de energia devido a roubos de fios elétricos, o que levou técnicos à rua Helvétia após o fluxo ter passado a noite lá.

Ao comentar a operação, o delegado afirmou que “os usuários serão recebidos com sopa quente e cobertores na tenda montada no estacionamento do 77° DP”. Monteiro se referia à tenda emergencial montada pelo programa municipal Redenção, voltado para o atendimento a usuários, na última terça-feira para receber quem busca tratamento.

No lugar, segundo o secretário-executivo de Projetos Estratégicos, Alexis Vargas, que coordena o Redenção, será instalada uma unidade do Caps AD (Caps AD Centro de Atendimento Psicossocial para Álcool e Drogas) e estrutura para pernoite.

Na megaoperação do dia 11, cinco pessoas foram presas -outros dois traficantes foram detidos desde então, segundo a 1ª Delegacia Seccional do Centro. No dia seguinte à ação, um homem, Raimundo Nonato Fonseca Júnior, 32, morreu baleado durante um tumulto enquanto usuários de deslocavam em busca de novos pontos de concentração. Um policial civil que acompanhava o deslocamento é acusado de ter atirado contra o grupo. O DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa) investiga se o disparo matou o usuário de drogas.

A ofensiva na praça Princesa Isabel é investigada em inquérito civil aberto pelo Ministério Público de São Paulo, que vê semelhança na violência da ação em relação ?uma operação que ficou conhecida como “dor e sofrimento”, de 2012.

Além disso, segundo relatos colhidos por uma comissão da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) que acompanhou a retirada das pessoas do espaço, moradores de rua e dependentes químicos foram chamados de “zumbis, podres e carniça”.

De acordo com depoimentos de testemunhas, houve casos de agressão durante a abordagem policial, inclusive contra moradores da região que passavam pelo local na hora da megaoperação. ?

O secretário-executivo de Projetos Estratégicos da prefeitura, Alexis Vargas, refuta as acusações de violência durante a operação. “Havia ao menos cinco veículos de imprensa presentes e nenhum filmou atos de truculência”, disse. “Não houve nenhuma violação de direitos humanos, não teve nenhuma unha quebrada.”