Testemunhas de massacre acusam polícia de demora para conter atirador no Texas

Testemunhas de massacre acusam polícia de demora para conter atirador no Texas

“Os pais estavam desesperados”, disse Daniel, 72. “Estavam dispostos a entrar [na escola]. Uma pessoa disse: "estive no Exército, só me dê uma arma e eu vou entrar. Não vou hesitar.'”

Raul Ortiz, chefe da Patrulha de Fronteira dos EUA, nega que os policiais tenham hesitado. “Eles elaboraram um plano. Entraram naquela sala de aula e cuidaram da situação o mais rápido que puderam”, disse à CNN americana.

Autoridades afirmam que o atirador, em um primeiro momento, trocou tiros com um dos agentes de segurança, mas conseguiu escapar. Depois, o criminoso, que vestia proteção à prova de bala, entrou em uma sala de aula e montou uma barricada. Os guardas retiraram o máximo de alunos possível, inclusive quebrando janelas do centro de ensino.

Do lado de fora da escola, um memorial foi improvisado com cruzes de madeira e os nomes das vítimas. Dora Mendoza foi uma das pessoas que compareceu ao local para homenagear as vítimas. Sua neta Amerie Garza, 10, foi assassinada durante o massacre.

“[As autoridades] devem fazer algo. Por favor, não se esqueçam das crianças. Eu imploro que escutem”, pediu Mendoza. “[Amerie] era uma garota inocente que gostava da escola e estava ansiosa para o verão. Minha alma dói porque não poderei mais vê-la.”

Também nesta quinta, Joe Garcia, 50, marido de Irma Garcia, uma das professoras assassinadas durante o ataque, morreu após sofrer ataque cardíaco. A informação foi divulgada pelo sobrinho da mulher nas redes sociais.

“Extremamente comovido e, com profunda tristeza, venho comunicar que o marido da minha tia Irma, Joe Garcia, morreu devido ao luto. Eu realmente não tenho palavras para descrever como estamos nos sentindo. Por favor, rezem pela nossa família”, escreveu John Martinez nas redes sociais.

De acordo com o The New York Times, Garcia visitou o memorial em homenagem às vítimas nesta quinta para deixar flores. Ele era casado com Irma há 24 anos e tinha quatro filhos.

A mãe do agressor, Adriana Reyes, disse à ABC News que seu filho ficava agressivo quando sentia raiva, mas que “não era um monstro”.

“Todos nós sentimos raiva”, afirmou Reyes, que disse desconhecer que seu filho havia comprado armas.

Uma professora que estava na escola e falou com a emissora NBC sob condição de anonimato disse que seus alunos estavam vendo um filme da Disney para celebrar o fim do ano letivo, que terminaria nesta quinta, no momento em que ouviram os tiros no corredor.

Ela pediu às crianças que se protegessem debaixo de suas mesas e fechou a porta da sala de aula às pressas. “Eles sabiam que não era um exercício”, disse a professora, referindo-se aos chamados exercícios de tiro ativo, comuns nas escolas americanas.

Depois, policiais quebraram as janelas da sala e retiraram as crianças do local.

O presidente dos EUA, Joe Biden, deve visitar Uvalde nos próximos dias e pediu aos legisladores que enfrentem o que chama de “poderoso lobby das armas” dos Estados Unidos e aprovem “reformas de bom senso em relação às armas”.

O massacre em Uvalde é considerado o pior em uma instituição infantil nos EUA em quase dez anos.