BBB interrompe paredão e destaca relacionamento abusivo; saiba como identificar e o que fazer

O Big Brother Brasil (BBB) estreou há apenas uma semana, mas já deixou as páginas de fofoca para que algo mais importante pudesse ser abordado. A noite de domingo (22) era para ser destinada apenas para a formação do primeiro paredão da edição, mas tudo ficou em segundo plano após o recado do apresentador Tadeu Schmidt, que levantou um tema recorrente e que faz milhares de vítimas todos os anos: o relacionamento abusivo.

Após o programa exibir uma série de imagens do casal Gabriel Fop e Bruna Griphao, Tadeu interveio na edição ao vivo e disse aos participantes:

“Quem está envolvido em um relacionamento, talvez nem perceba, talvez ache normal. Mas, quem está do lado de fora, consegue enxergar quando os limites estão prestes a ser gravemente ultrapassados”.

O chamado relacionamento abusivo não necessariamente começa com violência física. De acordo com o professor do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Paulo Cesar Porto Martins, o problema pode se iniciar quando um dos envolvidos pede para o outro deixar de fazer algo que considera importante.

Foto: Reprodução TV Globo

“A partir desse mandar, você tem uma série de chantagens e ameaças. O relacionamento abusivo não deixa de ser uma tentativa de anular o outro”, explica.

Apesar de a violência física ser o ponto mais evidente, o Código Penal Brasileiro hoje tipifica diversos comportamentos abusivos como crime. Dentre eles, estão a violência psicológica, moral e até mesmo patrimonial.

Como identificar?

De acordo com a promotora do Ministério Público do Paraná (MP-PR), Mariana Andreola de Carvalho Silva, o relacionamento parte de uma ideia de “poder”, que pode ser exercido de forma física ou psicológica.

“Às vezes é muito difícil para uma mulher identificar que está em um relacionamento abusivo. Algumas perguntas que ajudam a identificar o abuso, como: o parceiro controla ações, horário que entra e sai dos lugares ou a roupa que usa? Ele te impede de conviver com familiares e amigos? Proíbe de trabalhar, estudar ou fazer atividades rotineiras? Profere xingamentos, desqualificações ou humilhações com frequência? Se a mulher responde sim a uma dessas perguntas, ela está em um relacionamento abusivo. Mas não há um roteiro, é muito complexo e muitas vezes difícil, uma vez que tudo isso aparece de forma sutil, em que a mulher não se dá conta de que é vítima”, destaca.

A promotora cita os casos no feminino, já que a grande maioria dos casos ocorre num âmbito de homem para mulher, mas especialistas destacam que o abuso independe de gênero. “Basta que exista esse controle excessivo e esse abuso nas atitudes, independentemente do gênero. Mas as mulheres, em nossa sociedade, são imensamente mais vítimas desses tipos de relacionamento”, cita.

Consequências

Os danos para uma vítima de relacionamento abusivo são diversos. Paulo Cesar Porto Martins lembra que as consequências psicológicas também dependem do nível do abuso.

“Há relacionamentos em que a pessoa percebe que algo não está sendo legal, que a pessoa está perdendo a liberdade, então assim muitas vezes sai até fortalecida. Leva o aprendizado e toma mais cuidados em outros relacionamentos. Porém, temos relacionamentos que duram anos e que envolvem agressões físicas e psicológica, aí podemos ter casos de depressão, uma questão da pessoa se sentir desmerecedora de uma situação melhor. Há casos em que a pessoa sai de casa em razão de algum abuso, como por parte do pai, e se apega na primeira oportunidade de mudar de local. Cai em um relacionamento abusivo e começa a se achar culpada por aquilo tudo. Infelizmente no Brasil, isso ocorre de maneira cotidiana”, lamenta.

Sou abusivo?

Apesar de o comportamento abusivo ser mais facilmente identificável no outro, há casos em que a pessoa pode se perceber com atitudes abusivas.

O professor PUCPR acredita que, nesses casos, o melhor caminho é o diálogo.

“A primeira coisa é conversar com a companheira e questionar sobre os excessos. De novo, aqui depende do nível dos abusos. Será que a pessoa consegue se analisar e entender o que faz ela agir daquela maneira? Se a pessoa não consegue se analisar e percebe que perde o controle, aí é extremamente importante procurar ajuda de um profissional, um psicólogo, para ajudar a lidar com o sentimento. Geralmente, o que está de fundo no abusador, é frustração, medo, insegurança. Pode ser algo que vem lá da infância. Se ela tem consciência que precisa ser tratada, já é um passo enorme”, conclui.

Como pedir ajuda?

Não é apenas a vítima que pode pedir ajuda diante de casos de relacionamentos abusivos. O MP-PR cita que familiares e amigos podem fazer a denúncia de forma anônima. Em casos emergenciais e graves, a ajuda deve ser feita diretamente à polícia, pelo telefone 190.

Já a mulher que se identifica como vítima, pode procurar serviços especializados de assistência social, bem como a Delegacia da Mulher. Em Curitiba, a Casa da Mulher Brasileira, que contempla todos os serviços de apoio especializado à mulher, para que tenha atendimento integral e especializado.

Serviço

Casa da Mulher Brasiliera

Endereço: Avenida Paraná, 870, Cabral, Curitiba – PR

Telefone: (41) 3221-2701 / 3221-2710