Mãe turca perde filho de vista no terremoto e chora há três dias sem conseguir falar; vídeos

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Ainda há esperança de vê-lo vivo, mas essa possibilidade cai de forma abrupta com o passar das horas. Em breve, completar-se-ão 96 horas desde que o abalo sísmico de magnitude 7,8 fez a cidade tremer.

A essa altura, sem comer ou beber, uma pessoa embaixo de escombros, ainda que esteja protegida por algum arranjo fortuito de vigas que lhe garanta respirar, provavelmente está muito próxima da morte.

Essa família não está sozinha na praça em frente ao prédio. Cerca de 60 outras pessoas estão na mesma condição, aquecendo-se em fogueiras montadas entre os bancos ou dentro de latões cortados ao meio.

Desde que o resgate começou, dizem eles, 12 pessoas foram retiradas vivas do prédio destruído. E cinco corpos. Ao se aproximar de um grupo de senhoras de lenço na praça, a reportagem é interrompida por um rapaz, que diz, em inglês e muito delicadamente, que “talvez tenhamos que falar com os maridos primeiro”. “Pedir permissão, entende?” Mas os maridos não estão por ali naquele momento.

A Afad, agência de desastres turca, alvo de reclamações de ausência ou atraso em diversas regiões, está presente, mas não responde a perguntas. “Não é o momento propício”, limita-se a dizer um dos agentes. São eles que compõem o grupo de resgate e fornecem tendas e comida aos que não saem de lá.

Equipes de outros países ajudam na remoção dos destroços da destruição a três km da praça, no bairro de Ibrahimli, no extremo oeste de Gaziantepe. Mas ali não é possível ultrapassar o cordão de isolamento.

Dezenas de pessoas assistem a uma escavadeira amarela, no topo de uma montanha de escombros, direcionar sua pá para o que restou de mais um edifício residencial. Pedaços de azulejos, móveis, canos e caixas d"água caem do alto a cada movimento da máquina. Quando uma ou duas paredes despencam, levanta-se um pó que atravessa a rua e envolve as pessoas. Ao chegar mais perto, é possível entender que os escombros onde a escavadeira subiu não são apenas restos disformes.

São os dois primeiros andares de outro prédio, aparentemente tão recheados de detritos dos andares superiores que se tornam um platô suficientemente resistente para a enorme máquina transitar em cima. É estranho, pois as paredes desses dois andares próximos ao chão, assim como suas janelas, seguem ali.

Uma visita ao Castelo de Gaziantepe, no centro antigo da cidade, até a semana passada um local de visitação turística, permite ver as enormes pedras romanas que rolaram colina abaixo.

O castelo foi construído por Roma entre os anos 200 e 300 depois de Cristo, mas mesmo antes disso o morro já era usado como centro de observação da região pelo império hitita. Agora, a seus pés, algumas famílias acampam no estacionamento do local, em tendas improvisadas de plástico azul.