Justiça concede liberdade a mulher suspeita de dar golpe milionário na mãe

A 23ª Vara Criminal do Rio de Janeiro decidiu, nesta terça-feira (14), conceder liberdade provisória a Sabine Coll Boghici, presa sob suspeita de aplicar um golpe milionário contra a própria mãe, em agosto do ano passado. A reportagem não conseguiu localizar a defesa da acusada.

Na decisão, o juiz Guilherme Schilling Pollo Duarte determinou que Sabine não poderá entrar em contato por qualquer meio com a vítima, a francesa Geneviève Rose Coll Boghici, e as testemunhas do caso. Ela também não poderá se aproximar da mãe, devendo manter uma distância mínima de 500 metros.

Além disso, deverá comparecer em juízo mensalmente e não poderá se ausentar por mais de dez dias sem autorização da Justiça. Sabine deve ainda entregar o passaporte em juízo em, no máximo, 48 horas. Caso alguma dessas medidas seja descumprida, será emitido um novo decreto de prisão.

Saiba como idosa vítima de golpe milionário conseguiu fugir de cárcere após mais de um ano
Geneviève Boghici e Sabine Boghici. Foto: Reprodução Redes Sociais.

O Ministério Público do Rio chegou a se manifestar contra a libertação. A Justiça, no entanto, considerou que Sabine não pode ser considerada uma pessoa de alta periculosidade por ter apenas uma única anotação criminal, relacionada a esse caso.

Já Rosa Stanesco Nicolau, companheira de Sabine e que se apresentava como vidente, teve pedido de liberdade indeferido e segue presa. A decisão destacou que ela possui outras anotações e, por isso, continuará sob custódia.

Ambas foram presas na operação Sol Poente, da Polícia Civil, que confirmou o roubo de 16 quadros, no valor de R$ 725 milhões. O cálculo inclui obras de arte, joias e pagamentos de R$ 5 milhões feitos pela idosa após ser enganada e de outros R$ 4 milhões feitos sob suposta coação e ameaça.

Na casa de Rosa, a polícia encontrou diversas telas embaixo de uma cama. Os quadros faziam parte do acervo da vítima, que os herdou há sete anos após a morte do marido romeno Eugéne Boghici, conhecido como o marchand Jean Boghici.

Segundo as investigações da Polícia Civil, o golpe teve início em janeiro de 2020 e foi descoberto quando Geneviève Boghici procurou a polícia no primeiro semestre de 2022.

Sabine Boghici e outras seis pessoas de uma mesma família são suspeitas de praticar os crimes de associação criminosa, estelionato, extorsão, roubo e cárcere privado contra a idosa. No total, quatro foram presos e dois continuam foragidos –o sétimo homem morreu.

Em outubro do ano passado, a Justiça decidiu flexibilizar a prisão de Jacqueline Stanesco, uma das falsas videntes presas sob suspeita de envolvimento no golpe. Na ocasião, a juíza Catarina Cinelli Vocos Camargo acolheu um pedido da defesa, que alegou que ela estava com problemas de saúde na cadeia e precisava de cuidados.