Vítima ferida por urinar em carro diz que saiu de festa 'apertado' e não quis provocar agressor

Vítima ferida por urinar em carro diz que saiu de festa 'apertado' e não quis provocar agressor

Caso aconteceu em setembro de 2016, em Campo Grande. Vídeo com a agressão na rua circulou nas redes sociais. Samuel fala sobre o que aconteceu no momento da agressão

Graziela Rezende/G1 MS

O estudante de Direito Samuel Acosta Garcia Gomes, de 21 anos, ferido com chutes, socos e um golpe mata-leão após urinar no carro do agressor, Jhonny Celestino Holsback Belluzzo, na Vila Jacy, em Campo Grande, disse em júri popular realizado nesta terça-feira (17), que escolheu o veículo aleatoriamente e não tinha intenção em provocar o acusado.

A agressão aconteceu no dia 18 de setembro de 2016. Jhonny Celestino responde por tentativa de homicídio qualificada pelo meio cruel, motivo fútil e pelo recurso que dificultou a defesa da vítima.

"Estava em uma festa onde havia controle de entrada e saída. Eu saí de lá apertado. Virei a esquina e íamos a pé até a casa de um amigo, ficava de 10 a 15 minutos dali. No caminho, tinha um monte de carros e eu urinei atrás de um. Depois, avistei dois meninos e eles falaram que era o carro do Johny. Eu respondi: desculpa, eu não sabia", contou a vítima.

Ainda segundo Samuel, duas testemunha caminhavam com ele e desconfiaram que seriam agredidos. "Quando os caras falaram aquilo até comentei: acho que vão vir atrás da gente. Já chegando na casa, vimos dois carros com farol ligado e tentando correr", explicou.

Segundo a vítima, o trio conseguiu correr por cerca de duas quadras, mas, parou pelo fato de já estarem cansados. "Eu não aguentava mais e falei: o que tiver de acontecer, vai acontecer. Eram muitos, não tinha como revidar. Fiquei deitado de bruços enquanto o Johny chegava. Eu perguntei: ele vai sair da festa pra me bater?", relembrou.

Mais alguns instantes, a vítima disse que se recorda do barulho "muito forte" de uma porta do carro batendo. De acordo com ele, era o agressor chegando. "Ele deu a primeira pancada na minha cabeça e eu tive o instinto de me defender. A partir daí foram muitos golpes e eu só me lembro gente gritando para parar", ressaltou.

De acordo com a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE-MS), duas das testemunhas que estavam com o agressor foram condenadas por lesão corporal dolosa, com 3 e 4 meses de detenção, respectivamente.

Agressão

O caso começou a ser investigado pela Polícia Civil após um vídeo com a agressão circular em redes sociais. As imagens foram feitas por uma das pessoas que assistiam às agressões e foram mostradas durante o julgamento.

No vídeo, é possível ouvir pedidos para os suspeitos pararem os ataques. Um rapaz tenta, sem sucesso, separar a briga: "Não mata ele, não". A sessão de violência durou pelo menos 1 minuto e 25 segundos, conforme a gravação.

Na época, o também advogado de Jhonny, Ronye Mattos, disse que o cliente dele não queria machucar Samuel. "Ele não tinha intenção de ocasionar mal maior. Foi um momento em que ele ficou nervoso e ele já se arrependeu disso. Ele já procurou o rapaz, o rapaz já procurou ele, já pediu desculpa", afirmou a defesa.

Após a divulgação do caso, o rapaz fez um vídeo pedindo desculpas à vítima. "Vim pedir perdão pela violência gratuita que vocês viram. Principalmente perdão aos pais do Samuel e ao Samuel. Foi uma m**** que eu fiz. Nunca quis causar um mau maior para ele", falou o jovem no vídeo.