Especialista da Coppe-UFRJ pede mais transparência nos processos de qualidade da água da Cedae

Especialista da Coppe-UFRJ pede mais transparência nos processos de qualidade da água da Cedae

Professor Cristiano Borges pediu mais integração com especialistas de universidades e destaca que crise na água foi consequência da falta de investimentos. Especialista explica que a argila na água é um absorvente, assim como o carvão ativado

Em entrevista ao Bom Dia Rio na manhã desta quinta-feira (30), o engenheiro químico e professor da Coppe-UFRJ, Cristiano Borges, afirmou que a Cedae precisa ter mais transparência em seus processos e metodologia e afirmou que a empresa não tem um diálogo efetivo com os especialistas que estudam o setor nas universidades do Rio.

"Para poder resolver esse problema tem que sair água com qualidade da estação e a Cedae tem que mostrar que está saindo com qualidade. Falta transparência. E para que a água saia com qualidade até sair boa na torneira, tem que diluir no sistema a água que está presente nos reservatórios", destacou o professor.

Ele destacou que os estudiosos da UFRJ estariam disponíveis para ajudar.

"Tem que fazer testes, saber qual a melhor forma de distribuição. São medidas que tem que ser utilizadas, mas a Cedae está devendo uma certa transparência nos resultados. E ela pode usar conhecimentos estabelecidos. A universidade tem especialistas em diversas áreas. São várias universidades no rio de janeiro. A Coppe é um centro de referência com vários grupos estudando a questão da água", contou Borges.

Na quarta (29), a Cedae começou a usar argila ionicamente modificada para reduzir o problema do gosto e cheiro da água no Rio

Reprodução/ TV Globo

Desde quarta-feira (29), a Cedae começou a usar argila ionicamente modificada para reduzir o problema. A ideia é que, somada ao carvão ativado, ela diminua o gosto ruim. Enquanto o carvão é adicionado dentro da estação de tratamento, a argila é colocada ainda nos mananciais.

O professor explicou que a agila é um absorvente que é usado no tratamento da água para diversos fins e que o carvão é, também de maneira comum, usado para retirar a geosmina.

"O carvão é um absorvente e é usado para remover a geosmina e outros compostos presentes. A geosmina é um produto orgânico produzido pelas algas, pelas cianobactécias e que está presente na água. Nós humanos temos muita sensibilidade para este composto. Dez miligramas em mil litros você já sente o gosto e o cheiro", contou o professor.

Cedae usa carvão ativado no tratamento da água na estação de Tratamento de Guandu, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

Reprodução/TV Globo

Falta de investimento

De acordo com Cristiano Borges, os atuais problemas na qualidade da água são causados pela falta de investimento em tecnologia e capital humano pela empresa e que isso, ao longo dos anos, foi deteriorando a qualidade do serviço oferecido.

"Falta investimento, falta modernização das estações e investimento em material humano. Você não pode demitir técnicos com experiência. Você tem que agregar conhecimento. Você tem que modernizar as estações e investir em tecnologia. Nós usamos tecnologia antiga", destacou o professor.

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