Justiça determina apreensão em laboratório da Sespa de exames feitos por atingidos pela mineração em Barcarena, no PA
Juiz determina cumprimento em urgência e aplica multa pelo descumprimento de decisão anterior, que determinava entrega de 2ª via dos exames à população. Refinaria em atividade no município de Barcarena, no ParáTarso Sarraf / O LiberalO juiz Magno Guedes Chagas, da 1ª Vara da Fazenda Pública da Capital, respondendo pela 5ª Vara de Fazenda Pública e Tutelas Coletivas, expediu mandado de busca e apreensão da segunda via de exames de sangue e cabelo realizados por atingidos pela mineração em Barcarena, nordeste do Pará. O alvo do mandado é o Laboratório Central de Saúde Pública do Pará (Lacen), vinculado à Secretaria de Estado de Saúde (Sespa), responsável pelas análises feitas em 2018, após os despejos irregulares de rejeitos de bauxita da refinaria Hydro Alunorte em rios e igarapés. O G1 entrou em contato com a Sespa e aguarda nota de posicionamento.Na decisão, Chagas determinou cumprimento em regime de urgência e aplicou multa pelos dias de descumprimento de decisão anterior, que determinava entrega dos exames à população no prazo de 48 horas, com multa diária de R$1 mil.De acordo com a ação coletiva da Associação dos Caboclos, Indígenas e Quilombolas da Amazônia (Cainquiama), a coleta foi feita no mês de julho de 2018 e os resultados devem comprovar a presença de metais pesados no organismo dos moradores. Segundo a Cainquiama, os exames foram dados pelo Lacen à Prefeitura e entregues à população em cópias rasuradas, de forma "ilegível".No dia 3 de fevereiro, a Sespa disse, em nota, que o Lacen entregou os resultados para a prefeitura de Barcarena e que os mantém em arquivos, "aguardando ser demandado para entregar segunda via a quem o judiciário determinar". A ação da Cainquiama cita, ainda, um plano de orientação e atendimento aos pacientes com alterações comprovadas pelos exames, o que teria sido pauta de reunião entre a Sespa e a prefeitura de Barcarena. Além disso, solicita que seja assegurada a presença de profissional capacitado para a entrega dos resultados, pois de acordo com a denúncia, exames teriam sido entregues aos pacientes por uma profissional ginecologista contratada pela refinaria Hydro Alunorte, uma das atuantes na região. A Alunorte nega que contratou profissionais da área médica para a entrega dos referidos exames e disse que não tem relação com o processo.Entenda o casoCerca de 315 amostras de sangue e cabelo foram coletadas nas comunidades de Jardim Cabano, Burajuba, Vila do Conde, Vila Nova, Itupanema, Bom Futuro e Murucupi, em Barcarena, de acordo com a Sespa, após a denúncia de despejo irregular de rejeitos tóxicos da refinaria Hydro Alunorte, da norueguesa Norsk Hydro. O caso veio à tona no dia 17 de fevereiro de 2018 e ganhou repercussão internacional.Em fevereiro de 2019, a Secretaria de Saúde de Barcarena disse que recebeu as análises de sangue e cabelo em novembro de 2018 e que estavam passando por processo de tabulação e análise pela equipe da Vigilância Epidemiológica Municipal. À época, a secretaria disse ainda que estava buscando médico toxicologista para entrega dos resultados.VEJA todo o Caso Hydro no Pará em vídeos;10 pontos para entender os despejos irregulares da Hydro Alunorte