Com lágrimas nos olhos, Quitéria Chagas se despede da Sapucaí

Com lágrimas nos olhos, Quitéria Chagas se despede da Sapucaí

Quitéria estreou há vinte anos no carnaval e encerra o ciclo como rainha de bateria do Império Serrano. Quitéria Chagas, rainha de bateria do Império Serrano

Marcos Serra Lima/G1

Com a voz embargada e lágrimas nos olhos, Quitéria Chagas pisa pela última vez para desfilar na Sapucaí. Esta sexta-feira (21), primeiro dia de desfile do Grupo A do carnaval do Rio, foi a data escolhida para a sambista marcar a sua aposentadoria. Quitéria estreou há vinte anos no carnaval e encerra o ciclo como rainha de bateria do Império Serrano.

"Estou muito emocionada. Aqui e agora na Sapucaí está passando um filme na minha cabeça. Sei das dificuldades do Império Serrano e estou vindo com um espírito de superação. Quero dar de tudo e fazer o meu melhor. A comunidade espera por esse momento e eu não quero decepcioná-los."

Os pais de Quitéria estão com ela e tentam ajudar para que não ocorram imprevistos na despedida da beldade. Eles compraram lanche pra ela poder comer antes do desfile.

"Hoje já acordei ansiosa. Foi um dia de muita emoção e nostalgia até chegar aqui na Sapucaí. É com o pé direito que entro na Avenida para encerrar essa história de amor tão linda minha com o carnaval. Vou sentir saudades."

Quitéria Chagas, rainha de bateria do Império Serrano

Marcos Serra Lima/G1

A fantasia para cruzar a Sapucaí é a de Mulher Diaba, em homenagem à professora Leolinda Daltro, defensora do direito feminino no início do séxculo XX. O Império Serrano traz para a Avenida o enredo "Lugar de mulher é onde ela quiser".

A cabeça da fantasia tem um metro e meio de cabelo.

"Esse enredo tem uma força que inspira. Ele faz com que eu tenha mais força para lutar e vencer com a minha comunidade. Atravessar a Avenida já é uma vitória."

"É uma responsabilidade muito grande representar a Leolinda Daltro. Ela era uma mulher muito questionadora e militante. O machismo ainda é muito forte na nossa sociedade. Só que a mulher não se cala, se posiciona. Hoje a gente constrange o homem e tem essa obrigação de resistir. Eu já nasci com essa questão do empoderamento, aprendi isso com a minha mãe. E eu passo isso muito para minha filha. Mesmo com quatro anos, ela já sabe do lugar que ela ocupa."

Quitéria Chagas, rainha de bateria do Império Serrano

Marcos Serra Lima/G1