Refugiada afegã no Brasil diz que filha está escondida em casa com medo do Talebã

Kohkan e sua mulher, Riahana Ibrahimi, 47, pertencem à etnia hazara, um povo de origem mongol que reside principalmente na região central do Afeganistão conhecida como Hazarajat.

Segundo relatório da organização Minority Rights Group, os hazaras representam 9% da população afegã. Minoria étnica, eles são frequentemente alvo de discriminação e de processos de violência, como espancamentos, sequestros e assassinatos seletivos.

“A pobreza e a insegurança levam muitos hazaras a migrar para cidades como Cabul. No entanto, a viagem de Hazarajat para a capital se revelou perigosa. A estrada principal entre as duas áreas, apelidada de "estrada da morte", tem sido local de sequestros e outros ataques mortais do Talebã aos hazaras nos últimos anos”, aponta o relatório.

Esse cenário de violência levou Sorb Kohkan a fugir para o Brasil em busca de refúgio, há oito anos.

“Era muito perigoso viver no Afeganistão. Já fui sequestrado… Sofremos muito lá. As mulheres não podiam pintar as unhas, porque cortavam o dedo delas. Soube que o Brasil era um país democrático, que respeita os direitos humanos. Por isso tentamos o asilo”, conta ele, que trabalhou em pizzarias antes de abrir seu próprio negócio na Liberdade.

Kohkan falou com a reportagem por telefone, diante do avanço do Talebã sobre várias regiões do Afeganistão, ele está exclusivamente concentrado na tarefa de ajudar parte da família a fugir do país – entre eles, sua filha, de 24 anos, que nos últimos dias tem ficado escondida com medo do Talebã.

“As mulheres da minha família trabalham como professoras, mas ficou muito perigoso para elas, porque o Talebã proíbe que meninas estudem e persegue as mulheres. Minha filha e outras parentes estão escondidas em uma casa, sem poder sair. O Talebã segue uma lei de mil anos atrás. Com eles no poder, outros grupos extremistas vão aparecer também”, diz Kohkan.

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