Mesmo sem ordem judicial, PM despeja indígenas

Mesmo sem ordem judicial, PM despeja indígenas

Mais uma vez, a Polícia Militar de Mato Grosso do Sul despejou indígenas de área ocupada antes de a Justiça determinar a reintegração de posse. Na tarde desta sexta-feira, famílias que durante a madrugada invadiram a Fazenda Do Inho, em Rio Brilhante, foram retiradas à força por policiais locais com apoio de equipes de Maracaju e Dourados.

Três indígenas foram presos e levados para a Delegacia de Polícia (DP). A organização Aty Guasu (Grande Assembleia do Povo Kaiowa e Guarani) informou que o cacique Adalto Barbosa, a professora Clara Barbosa e um jovem identificado como Lucas, de 18 anos, foram algemados e jogados no camburão da Polícia Militar.r


O assessor jurídico do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Anderson Santos também confirmou as prisões. Ele se deslocou a Rio Brilhante e foi para a Delegacia de Polícia, para onde os indígenas foram levados: "Estão todos bem, sem problema algum, estive conversando com eles para orientá-los e verificar a situação em que se encontram. Agora vamos aguardar o procedimento para buscar a liberdade de todos".

A reportagem apurou os indígenas foram presos em flagrante por esbulho possessório (invasão de propriedade particular), desobediência e resistência. Adalto e Clara são casados. Policiais que participaram do despejo relatam que os índios resistiram atirando flechas contra as viaturas.

Nesta sexta, Anderson havia alertado para o risco de outro confronto em caso de despejo sem ordem judicial. No final de junho do ano passado, o indígena Vitor Fernandes, 42, foi morto policiais do Batalhão de Choque da PM em Amambai. Os indígenas denunciaram despejo ilegal, mas a Secretaria de Segurança Pública alegou na época que o Choque foi ao local após denúncia de suposto roubo praticado pelos indígenas.


Mais cedo, o assessor de comunicação da Polícia Militar tinha informado ao Campo Grande News que as equipes estavam no local apenas para evitar conflitos.